
A festa de final de ano do SBT, realizada em São Paulo, acabou se transformando em um dos assuntos mais comentados do meio político e artístico nos últimos dias. O motivo foi a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento, algo que, para muitos críticos, jamais ocorreria se Silvio Santos ainda estivesse vivo.
Conhecido por manter distância de governos e por nunca se alinhar publicamente à esquerda, Silvio construiu ao longo de décadas uma imagem de independência política. Essa postura histórica passou a ser lembrada com força após o evento, especialmente por parte do público conservador, que passou a direcionar críticas à atual gestão da emissora, comandada pelas filhas do apresentador.
Nas redes sociais, internautas e comentaristas apontaram que a presença de Lula em um evento festivo do SBT simboliza uma mudança significativa no perfil institucional da emissora. Para esse grupo, o gesto representaria uma aproximação política incompatível com a tradição construída pelo fundador do canal.
O desconforto não ficou restrito ao público. O cantor Zezé Di Camargo se pronunciou publicamente demonstrando insatisfação com o contexto político do evento. Segundo o artista, a presença de autoridades, especialmente do presidente da República, descaracterizou o propósito da celebração. Zezé chegou a afirmar que não gostaria que sua apresentação fosse exibida, deixando claro que não se sentiu representado pelo ambiente criado durante a festa.
Além de Lula, outro momento que chamou atenção foi a interação do presidente com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O encontro foi marcado por cumprimentos calorosos, abraços, sorrisos e conversa amistosa, o que surpreendeu aliados e eleitores mais alinhados à direita. Tarcísio, que já foi apontado como um possível nome indicado ou apoiado por Jair Bolsonaro em um cenário futuro, passou a ser alvo de questionamentos após o episódio.
Para críticos, a cordialidade pública entre Tarcísio e Lula contrasta com o discurso de oposição que marcou os últimos anos e ocorre em um contexto sensível, enquanto Bolsonaro permanece preso e fora do jogo político direto. O gesto foi interpretado por parte da direita como sinal de distanciamento do bolsonarismo ou, no mínimo, de pragmatismo político em excesso.
O episódio evidencia uma reorganização silenciosa no tabuleiro político brasileiro e levanta discussões sobre coerência, alianças e limites institucionais. No campo da comunicação, reacende o debate sobre o papel das grandes emissoras, sua independência editorial e a linha que separa cobertura institucional de alinhamento simbólico.
Até o momento, o SBT não divulgou nota oficial sobre as críticas nem comentou as manifestações de artistas insatisfeitos. A repercussão, no entanto, indica que o episódio deve continuar rendendo debates, especialmente entre eleitores conservadores que enxergam no legado de Silvio Santos um marco de neutralidade que, segundo eles, começa a ser colocado em xeque.




